Pandemia, animalidade e literatura: quem são os filhos da Terra?
Palabras clave:
Biossistema, Pandemia, Animalidade, LiteraturaResumen
O período pandêmico com o qual a nossa sociedade ora se confronta tem contribuído para revelar a crueldade com que o humano age com relação ao animal, à Terra, e ao próprio humano, chamando a atenção para questões cujas respostas são urgentes. As relações precárias entre humanos e não humanos têm denunciado a falência do humanismo, da ética e do senso do comum, suscitando a procura por novos modos de aproximação. Tendo isso em vista, e considerando o contexto do Antropoceno, objetiva-se aqui refletir sobre a vinculação entre as estratégias antropocêntricas de dominação da natureza e os conceitos e preceitos basilares da ocidentalidade que, a despeito da ideia de não mais existirem, permanecem orientando as práticas humanas em relação ao mundo natural. Veremos, portanto, como a literatura tem tratado situações de afastamento, aproximação e encontro entre humanos e não humanos e em que medida dá preferências às representações animais caracterizadas pela humanização do não humano. Miramos sempre a concepção de Ailton Krenak de que somos filhos da Terra, visagem que talvez guarde potência para a reinauguração de modos de relacionamento com a alteridade, o outro humano, e a outridade, os não humanos. Dialoga-se com Gustavo Yañez Gonzalez (2020), Paul B. Preciado (2020), Mário Perniola (2016) Davi Kopenawa (2015) e Ailton Krenak (2017), (2019).